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2/5/25

Guerra comercial entre EUA e China: os possíveis impactos para as exportações brasileiras

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Michele Loureiro

A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China têm reconfigurado fluxos globais de comércio e abre oportunidades para exportadores brasileiros, especialmente no setor de agronegócios. As tensões crescentes entre os EUA e a China – o maior fornecedor e consumidor mundial de produtos agrícolas, respectivamente – criaram uma abertura para produtos como carnes e grãos e podem mexer no ponteiro da balança comercial do Brasil.

Desde o início da imposição mútua de tarifas entre as duas maiores economias do mundo, a China vem buscando diversificar seus fornecedores de produtos agrícolas estratégicos, como soja, carne bovina e milho. Nesse cenário, o Brasil desponta como alternativa competitiva e confiável.

Para Cristiane Quartaroli, economista do Ouribank, é natural que americanos e chineses busquem alternativas de exportação e o Brasil pode ser beneficiado, por já estar em uma trajetória de crescimento, especialmente com o país asiático. Para se ter uma ideia, no primeiro semestre de 2024, o Brasil exportou US$ 28,4 bilhões em produtos agrícolas para a China, incluindo soja, milho, açúcar, carne bovina, carne de frango, celulose, algodão e carne suína in natura. Esse valor representa mais da metade do total exportado no ano anterior, indicando uma tendência de crescimento nas trocas comerciais entre os dois países.  

“Os movimentos iniciais de reflexo da guerra comercial já estão sendo sentidos na balança comercial brasileira como, por exemplo, o aumento da exportação de soja e carne para China. É esperado também que haja atração de investimentos em setores exportadores. Esses efeitos podem surgir no curto ou médio prazo, mas a intensidade e duração vai depender da extensão do embate das negociações entre Estados Unidos e China”, diz a economista.

Impactos reais da guerra comercial

Entre os impactos mais concretos dessa mudança causada pelo embate entre as duas potências está o aumento das exportações de soja brasileira para o mercado chinês, que se consolidou como o principal destino do grão nacional nos últimos anos. Com tarifas sobre o produto norte-americano, a demanda chinesa migrou significativamente para fornecedores sul-americanos, com destaque para o Brasil, que conta com escala de produção, logística estruturada e acordos sanitários consolidados com Pequim.

O Brasil enviou 74,6 milhões de toneladas para a China em 2024, totalizando US$ 36,4 bilhões. Apenas no primeiro trimestre de 2025, o Brasil embarcou 22,8 milhões de toneladas de soja, das quais 17,7 milhões foram destinadas ao mercado chinês, superando os números do mesmo período em anos anteriores. Esse crescimento é atribuído a compras antecipadas realizadas pela China em dezembro de 2024, visando garantir o abastecimento diante de um cenário de tensões comerciais com os Estados Unidos.

Além da soja, a carne bovina e de frango também registraram crescimento expressivo nas vendas para a China, impulsionadas por uma combinação de fatores: tarifas sobre a proteína animal dos EUA, surtos de peste suína africana no rebanho chinês e ampliação das habilitações sanitárias para frigoríficos brasileiros. Em 2023, a China respondeu por mais de 40% das exportações brasileiras de carne bovina, consolidando-se como principal parceiro comercial nesse segmento.

As expectativas do setor produtivo apontam para a continuidade dessa tendência, com possíveis avanços em outros produtos, como milho, algodão e café. A instabilidade nas relações entre Washington e Pequim deve manter aceso o interesse chinês em consolidar rotas alternativas de abastecimento, especialmente em cadeias críticas como a alimentar.

Entretanto, Cristiane alerta que a consolidação do Brasil como fornecedor estratégico exige atenção a desafios estruturais. Segundo ela, a infraestrutura logística, o cumprimento de requisitos sanitários e ambientais, e a previsibilidade regulatória são fatores decisivos para garantir competitividade sustentável no médio e longo prazo.

Leia também: Hedge Cambial: O que é, como funciona e por que utilizá-lo?

Como se proteger as empresas da volatilidade

A economista ressalta que apesar do cenário momentaneamente favorável para o setor de agronegócios, a relação estremecida entre China e Estados Unidos não é positiva para outras frentes da economia e impacta frentes como investimentos e câmbio. ”Há incertezas que aumentam a volatilidade dos mercados. Além disso, algumas mudanças regulatórias podem acontecer sem aviso prévio e mexer com o mercado”, explica a economista.

Por isso, ela destaca a importância de ter um parceiro financeiro especializado para auxiliar no momento de oportunidade, mas também ajudar na proteção das operações. “Com mais de quatro décadas de experiência em câmbio, o Ouribank possui uma equipe capaz de oferecer suporte especializado em comércio exterior e inteligência de mercado, tanto na parte de produtos quanto na parte de suporte de economia”, diz a economista.

Ferramentas como hedge cambial e financiamentos são essenciais nesse momento e podem ser contratadas de forma simples e ágil no Ouribank para garantir que as oportunidades sejam aproveitadas com segurança e mais previsibilidade.  

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