Projeções e o câmbio

CAUSA: Toda segunda-feira, o Banco Central divulga sua famosa pesquisa Focus, que é um compilado de projeções das principais variáveis econômicas do Brasil. E é com base (também) nessas projeções que os operadores de mercado tomam suas decisões de curto, médio e longo prazos. Ou seja, são indicadores que podem ter um peso até que relevante para o comportamento do câmbio no dia a dia. No relatório divulgado ontem, contudo, tivemos uma mínima alteração nas projeções de inflação para este ano – de 4,45% para 4,43% e de 2026 de 4,18% para 4,17%. Lembrando que essas projeções vêm desacelerando já há algum tempo, respondendo a efeitos positivos do câmbio e dos juros em nível contracionista. Mas o que chama mesmo a atenção são as projeções de câmbio, que permanecem entre US$/R$5,40 e US$/R$5,50 para este e para o próximo ano já há algum tempo.

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CONSEQUÊNCIA: Talvez seja mais a causa da causa do que a consequência – confuso, mas é isso mesmo. É bem possível que as projeções de câmbio estejam ainda nesse patamar por conta das incertezas com o futuro do quadro fiscal e político brasileiro. O mercado anda arisco com esse assunto e enquanto não tivermos um direcionamento mais efetivo por parte do governo – sobretudo no que diz respeito a uma possível redução nos gastos – as projeções da taxa de câmbio têm mostrado, de fato, maior resistência para serem revisadas. E, em 2026, esse quadro deverá continuar, já que será ano eleitoral. A questão que fica é: se o câmbio permanecer elevado, em algum momento deverá afetar as projeções de inflação novamente? E a causa vai virar consequência.

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