Por
Michele Loureiro
Dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola, picles e pão com gergelim. A receita do Big Mac, o lanche mais famoso do Mc Donald’s, é replicada da mesma forma em todos os países onde a rede de fast food possui lojas. Por isso, o famoso sanduíche serve para dar respaldo a uma teoria da economia: a paridade do poder de compra (PPC).
Há 34 anos, a revista inglesa, The Economist, usa o preço do lanche em todos os países onde ele é comercializado para entender quanto vale o dinheiro de fato naquele local. A comparação sempre é feita com base no dólar e o indicador coleta dados de países responsáveis por 94% de toda a produção do planeta.
Na prática, se um Big Mac nos Estados Unidos custa US$ 5 e no Brasil R$ 15, então a taxa de câmbio implícita é de 1 dólar para 3 reais. Comparada à taxa de câmbio real, se com 1 dólar é possível trocar por mais do que 3 reais, significa que o real está desvalorizado frente ao dólar. Ou seja, precisamos de mais dinheiro do que os americanos para comer o mesmo sanduíche.
Cristiane Quartaroli, economista e estrategista de câmbio do Ouribank, explica que a paridade do poder de compra vai além do Big Mac, que é só um exemplo famoso. “O indicador é feito com base em uma cesta de produtos de diferentes áreas, como alimentação, saúde e transportes. O objetivo é mostrar o real valor de cada moeda frente ao dólar”, explica.
Outros exemplos como o iphone, produto mais famoso da Apple, também ajudam a compreender a PPC. Nos Estados Unidos um aparelho custa 800 dólares. Quando as mesmas características são replicadas por aqui, temos um valor de 930 dólares, considerando a taxa de câmbio de R$ 4,10. “Isso significa que nos Estados Unidos o poder de compra é maior. Por lá eles precisam de menos dinheiro para adquirir o mesmo produto”, diz Cristiane.
E nem é preciso sair do país para fazer essa comparação. No interior de São Paulo você consegue tomar um delicioso pingado e comer um pão na chapa por R$ 5 em alguns lugares. Mas já imaginou conseguir isso na região da Avenida Paulista? Quase impossível! Pois é, a paridade do poder de compra também pode ser medida dentro de um mesmo país.
Muitos fatores ajudam a explicar essa diferença de valores. Variáveis, como sazonalidade dos produtos, oferta e demanda, custo de produção e mão de obra acabam impactando o indicador. Também entram nessa conta questões atípicas como a alta do preço do petróleo por conta da tensão entre Estados Unidos e Irã e fatores, como a inflação interna de cada país, preços de importação ou produção e diferentes impostos.
A PPC ajuda a compreender o valor real das moedas. No entanto é importante frisar que esse indicador não substitui a taxa de câmbio nas negociações.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) divulga uma lista dos países com maior PIB (Produto Interno Bruto) per capta calculado com base na paridade do poder de compra - e isso muda os resultados práticos. Por exemplo, o PIB per capta de Luxemburgo, país em primeiro lugar, é de US$ 106.406. Quando calculado pela PPC, o valor muda para 77.958 dólares internacionais - unidade hipotética que corresponde ao poder de compra do dólar norte-americano nos Estados Unidos.
“A PPC é uma referência, mas não deve ser utilizada isoladamente para nenhuma operação de câmbio”, finaliza Cristiane.
Um resumo dos principais acontecimentos de cada dia que podem influenciar na taxa de câmbio, tudo isso em menos de 1 minuto.
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