Por
Michele Loureiro
Quando o uso do Pix foi anunciado, em 2020, muitas dúvidas vieram à tona. Anos depois, a forma de pagamento tornou-se popular e mais de 140 milhões de brasileiros já usaram a modalidade. Para se ter uma ideia, segundo o Banco Central, desde a criação do Pix o uso de dinheiro em espécie caiu 11% no Brasil. Mesmo antes dele, 30% do volume de transações já rodavam em cartões de crédito e débito no País. Em outras palavras, já vivemos em um mundo de dinheiro digital há muitos anos, mas a chegada do Drex, o chamado real digital, promete acelerar ainda mais essa transformação.
O Drex e o Pix são métodos de pagamentos, porém, cada um tem suas particularidades. Enquanto o Pix é utilizado para pagamentos simples e rápidos do dia a dia, o Drex será adequado para transações mais complexas, que envolvem múltiplas condições e garantias.
O Drex é uma plataforma que oferece um sistema de pagamentos e transações financeiras baseado em contratos inteligentes. Esses contratos inteligentes permitem que as transações sejam condicionadas a determinados eventos, garantindo mais segurança e confiança para as partes envolvidas.
Por exemplo, você vai comprar um carro, mas quer ter certeza de que o pagamento só sairá da sua conta quando a transferência do veículo vier para você, quando você receber o DUT (Documento Único de Transferência), então você deve usar o Drex. Dessa forma, o dinheiro não sai da sua conta enquanto o carro não passar para o seu nome, mas o carro não passa para o seu nome enquanto o dinheiro não sair da sua conta. Se der errado qualquer ponta da operação, o negócio não acontece e nem o vendedor, nem o comprador, perdem nada. O Drex ajuda a fazer operações seguras com garantias.
Essa tecnologia é especialmente útil em transações financeiras mais complexas, como a compra de bens de alto valor, empréstimos com garantias específicas, ou qualquer situação em que seja necessário garantir que as condições acordadas sejam atendidas antes que o pagamento seja realizado.
Além disso, o Drex também pode ser utilizado para oferecer garantias em transações financeiras, como no caso de um empréstimo em que você utiliza parte de suas aplicações no Tesouro Direto, por exemplo. Nesse caso, o dinheiro só sai da sua conta se você não pagar o empréstimo e acaba barateando o crédito ao dar garantias. Isso é feito por meio de contratos inteligentes, trazendo mais segurança e facilitando operações que não seriam possíveis apenas com o Pix.
Portanto, enquanto o Pix é ideal para pagamentos simples do dia a dia, o Drex é mais apropriado para transações complexas que exigem garantias e condições específicas. Ambos têm seus usos e benefícios distintos.
O Banco Central do Brasil está desenvolvendo o Drex há alguns anos e a nova moeda digital brasileira será lançada para a população no final de 2024. Ele já está em fase de testes em um projeto piloto que conta com grandes empresas e instituições financeiras, além de startups do setor.
A ideia central do Drex é unir dinheiro e tecnologia. A sigla já ajuda a compreender o significado: o “D” representa a palavra "digital"; o “R” representa o "real"; o “E” simboliza a palavra "eletrônica"; e o “X” passa a ideia de modernidade e de conexão, além de repetir a última letra do Pix, sistema de transferência instantânea.
O Drex chega para fazer transações mais complexas e embarca o sistema blockchain, uma tecnologia de armazenamento considerada inviolável, irreversível e à prova de invasões, que registra e rastreia transações de ativos, criptografando a informação e reduzindo o risco de ataques.
Apesar disso, o Drex não é uma criptomoeda, que tem como principal característica a gestão descentralizada e a ausência de fiscalização. A moeda será oficialmente regulamentada e controlada por uma autoridade monetária – o Banco Central. Além disso, não sofrerá variação de preço, pois é apenas uma representação virtual do real.
A criação do Drex acompanha uma tendência mundial. Mais de 90 países têm projetos semelhantes em andamento, e o BIS (Banco de Compensações Internacionais) prevê que mais de 20 moedas digitais estejam em circulação no mundo até o ano de 2030. As moedas digitais atendem às novas demandas sociais e de mercado, impulsionadas principalmente pela digitalização da economia e pelo aumento da inclusão digital e financeira da população.
O Drex facilitará o acesso a transações financeiras que envolvem grandes volumes e operações mais complexas. Será possível, por exemplo, comprar e vender títulos públicos, depositar salários e realizar o estorno de impostos planejado pela Reforma Tributária.
A ideia é que o dinheiro depositado no banco seja imediatamente convertido em Drex por meio de um processo chamado de tokenização – quando um ativo físico é transformado em ativo digital. Esse valor será guardado em uma carteira virtual, operada por instituições financeiras, como bancos e correspondentes bancários. Pessoas físicas e empresas poderão usar o Drex, que promete ser mais um capítulo importante para a economia do País.
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