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Relátórios de economia
15/2/2023

Quase 50 dias

Por

Cristiane Quartaroli

O Causa e Consequência ficará especial em 2023.

A partir de agora, além dos relatórios quinzenais, vamos trazer um tema  específico e relevante para o mercado de câmbio todo bimestre e, neste  primeiro, vamos fazer um balanço dos quase 50 primeiros dias do ano. Para  aqueles que acham que o ano só começa mesmo depois do carnaval, 2023 chegou  chegando numa entrada apoteótica para mostrar o contrário.  Foram tantos acontecimentos que talvez não  caibam em um único Causa. Vamos lá?    

Causa:

O início do ano foi marcado por alguns eventos que tiveram muito  impacto nos mercados financeiros e, claro, no câmbio.

Entre eles  destacamos:    1.  A retomada total da economia chinesa  depois de três anos de restrições rígidas com a política de Covid-zero no  país, beneficiando a economia global e, claro, a do Brasil, já que a China é  um dos nossos principais parceiros comerciais. A China voltando a ter um  crescimento mais robusto neste ano é uma notícia particularmente positiva  para commodities como metais e petróleo e para os exportadores delas, como o  Brasil. Os dados mais recentes da nossa balança comercial já mostram algum  efeito desse movimento (veja nos gráficos abaixo). E isso tende a ser  positivo para nossa taxa de câmbio.  2. A redução gradual da inflação nos EUA (ver gráfico abaixo), que levou o  Banco Central Americano a sinalizar uma possível política monetária menos  restritiva a partir do segundo semestre deste ano, também mexeu com a  economia global, respingando no Brasil. Quando o FED sinaliza que poderá  parar de subir os juros, automaticamente, há uma corrida dos investidores  atrás de ativos mais atrativos – leia-se juros mais altos, mais atrativos! E  é justamente nesse ponto que o Brasil se favorece, já que nossa taxa de juros  segue em patamar elevado sem sinais que ficará mais baixa no curto prazo  (falaremos mais dela lá na frente). Isso também tende a ser positivo para o  câmbio.  3. A finalmente tão esperada transição para o novo governo. A expectativa  era (e continua sendo) muito grande sobre esse tema. As definições dos nomes  que preencheriam os ministérios, bem como cargos menos relevantes, trouxeram  muita volatilidade para o câmbio no início do ano. Não só isso, mas os  anúncios de pacotes, medidas e reformas importantes para a condução política  dos próximos quatro anos; a expectativa sobre como será a condução da  política fiscal (atual calcanhar de Aquiles do Brasil) e, mais recentemente,  as duras críticas feitas pelo governo ao Banco Central foram alguns dos  muitos assuntos que trouxeram pano para a manga neste ano que está apenas  começando. Mas está aqui um motivo que não foi, assim, tão positivo para o  câmbio. Então desses motivos que listamos acima estamos falando de dois  relacionados ao cenário externo e que foram de alguma forma positivos para o  comportamento do câmbio e de um (com muitas variáveis dentro) que não foi  positivo para o câmbio e que acabou neutralizando uma possível melhora mais  expressiva da nossa moeda. Vejam que entre final de 2021 e meados de 2022 o  dólar caiu cerca de 4,0%, mas quando os ruídos internos políticos começaram a  aparecer com mais força, após início do período eleitoral, o dólar voltou a  subir e hoje voltamos a ver o câmbio mais próximo dos US$/R$5,2 do quedos  US$/R$4,9 que observávamos no final de 2021 (veja no gráfico a baixo).    

CONSEQUÊNCIA:

A principal consequência de uma taxa de câmbio ainda  desvalorizada é na nossa percepção de risco, ou seja, câmbio depreciado  significa que nosso nível de risco-país ainda é elevado (veja no gráfico  abaixo). E, embora a própria taxa de câmbio seja também uma medida de risco,  podemos ver isso exatamente nos indicadores que medem essa variável. Nosso  nível de risco ainda está muito próximo ao que estava no final do ano  passado, até um pouco mais elevado, sinalizando que, por enquanto, o Brasil  ainda está longe de ser o abre alas dos emergentes aos olhos dos  investidores. E aí, não temos fluxo. Se não tem fluxo, dólar continua  pressionado.

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Economia do dia a dia

Um resumo dos principais acontecimentos de cada dia que podem influenciar na taxa de câmbio, tudo isso em menos de 1 minuto.

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